fonte: Folha de SP

Depois do hambúrguer e das batatas fritas, os Estados Unidos estão oferecendo novos produtos nos drive-thrus: atendimento médico e vacinação.

A iniciativa foi testada inicialmente no hospital da Universidade de Stanford (Califórnia) em 2009, durante uma epidemia de gripe H1N1, e desde então vem sendo replicada em várias instituições.

Clínicas de ao menos 12 Estados americanos, como Califórnia, Michigan, Alabama e Virginia e Arizona, já adotaram a vacinação de adultos contra o vírus influenza dentro dos seus próprios carros.

É só chegar ao estacionamento da clínica, colocar o braço para fora do veículo e receber a picada.

“É muito conveniente. Não precisa marcar hora nem sair do carro”, conta Sheri Sweet, moradora de San Pablo, na Califórnia, que foi vacinada contra gripe em novembro do ano passado.

Todo o processo não levou mais do que dois minutos –contra de 15 a 20 minutos nas campanhas tradicionais de imunização.

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Estudos mostram que o local inusual de vacinação não traz maior risco de infecção ou outros problemas, como desmaios.

Para Jim Milanowski, um dos diretores da empresa Genesee Health Plan, em Flint (Michigan), a vacinação no carro atinge dois objetivos de uma só vez: é mais conveniente e atinge mais pessoas.

Em Stanford, a proposta é que, em vez de esperar horas por atendimento no pronto-socorro do hospital em uma situação de epidemia de gripe, pacientes com sintomas mais leves passem por uma triagem dentro dos próprios carros no estacionamento.

Ali, os médicos medem a pressão arterial, fazem a ausculta com o estetoscópio e ouvem as queixas dos pacientes. Após a consulta, eles são medicados e dispensados.

SEGURANÇA

Segundo Eric Weiss, diretor médico do Hospital de Stanford e autor do projeto, o estudo com 40 pacientes mostrou que o modelo é seguro e tem uma boa relação de custo e efetividade.

“Nos casos de epidemia, o drive-thru pode facilitar o atendimento de mais pessoas em um menor tempo e diminuir as chances de a infecção se espalhar para outros pacientes que estejam esperando no pronto-socorro”, afirmou Weiss à Folha, durante uma conferência de jornalismo de saúde que ocorreu em Santa Clara (EUA), na semana passada.

De acordo com o médico, todo o atendimento no carro levou cerca de 26 minutos. Já dentro do hospital, o mesmo tipo de assistência demorou 90 minutos.

O estudo foi publicado no período científico “Annals of Emergency Medicine”.

Weiss e sua equipe criaram um manual com o passo a passo da experiência para que ela possa ser replicada por outras instituições.

Questionado se o modelo poderia ser aplicado em cidades brasileiras que enfrentam hoje epidemias de dengue e que estão com suas emergência hospitalares lotadas, ele afirmou que não.

“Em se tratando de hospitais, o drive-thru só se justifica em epidemias de doenças transmissíveis, o que não é o caso da dengue. Não é simplesmente para aliviar a barra de hospitais lotados.”